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4 de jul. de 2010

Triste solidão --'


Esses passos tímidos ecoam alto demais e, para quem não quer ser visto, isso não é nada apropriado. Esses corredores de azulejos brancos incomodam. Essas paredes frias que, mesmo que eu me mantenha longe delas, me privam do calor e do aconchego que tanto procuro, nessa noite.

São esquinas que, sem alto-falantes, emitem sons de toda sorte, e muitos deles, infelizmente, são de uma voz familiar. São suspiros aos quais estou assustadoramente acostumado. Tenho uma permanente impressão de que esses sussurros já muito me esquentaram os ouvidos, em outros noites parecidas com a de hoje. Aí eu luto para não perder a concentração nesses sons, não me soltar da corda que me aponta a direção da saída mais próxima. Desconcentrado, tudo que cuidadosamente órbita meu coração sem bater nas minhas costelas perde o controle e aí tudo que sinto é uma dor interna intermitente que segue cada batida do bumbo de uma música triste qualquer. Desconcentrado, agarro-me ao trinco da primeira porta que eu encontro. E sempre acabo no mesmo quarto, na frente do mesmo computador, ouvindo as mesmas músicas, insone.


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Quer que os outros compreendam o que jamais entenderei.[ C.L ]